sábado, 19 de abril de 2008

fernando pessoa

este é um dos poemas q mais gosto. sua simpliciade profunda
me faz sentir a grande alma q o escreveu.

V - Há Metafísica Bastante em Não Pensar em Nada

Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que idéia tenho eu das cousas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do Mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
"Constituição íntima das cousas"...
"Sentido íntimo do Universo"...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em cousas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das cousas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo das cousas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
(Isto é talvez ridículo aos ouvidos
De quem, por não saber o que é olhar para as cousas,
Não compreende quem fala delas
Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)
Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
Mas se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o sol,
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
Porque, se ele se fez, para eu o ver,
Sol e luar e flores e árvores e montes,
Se ele me aparece como sendo árvores e montes
E luar e sol e flores,
É que ele quer que eu o conheça
Como árvores e montes e flores e luar e sol.
E por isso eu obedeço-lhe,
(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
Como quem abre os olhos e vê,
E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
E amo-o sem pensar nele,
E penso-o vendo e ouvindo,
E ando com ele a toda a hora.
Lucidez

Justo
É perder a arrogância
Dobrar a coluna
Esquecer a cobiça.


Bom
É uma suave fragrância
Um claro de lua
Um vinho envelhecido.


Lindo
É lavar-se nas fontes
Descansar sob as árvores
Mirar o poente.


Enquanto
Um brilho de orvalho
Pousa nas retinas
Desolisticadamente


Como uma velha palavra
Q lava
De leve
As pétalas do poema...




Alex Sakai – Tokyo - 1994

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Q é Essencial?

postei esses dois poemas, bem diferentes na forma e no conteúdo.
o primeiro, indigência digital é uma crítica a desmedida digitalização da vida, não Q eu seja retrógrado e contra a era da informática, mas há um certo exagero em alçar uma ferramenta à condição de cérebro.
Eu acho ótimo ter uma ferramenta como o computador, ou a internet, mas o cérbro por detrás de tudo é mesmo o humano, apenas um pouquinho turbinado pela facilidade de comunicação e armazenamento de dados. O Q critico é a postura de alguns Q consideram tudo Qé digital essencial. Essencial é quintessência, não se deve colocar o fogo divino no chiqueiro de porcos.
e para Q possamos inflar-nos com a verdadeira inspiração, não é necessário, teclao, écran, screen, Ram, isso tudo é penduricalho.
o essencial é invisível.

o outro poema, Lis, fala de uma direção espiritual, em meio a tantas taras celerados q somos nós homens do final do século XX e pioneiros do século XXI, mas mostra em sua forma estruturalista uma ligação com a contemporaneidade, espero Q gostem desses poemas. O homem, mesmo turbinado com ferramentas, precisa expressar o Q vai em seu espírito, e para isso não precisa de muita coisa, às vezes apenas um simples sorriso...

Indigência Digital

INDIGÊNCIA DIGITAL

A estética caótica
Da Babilônia eletrônica
Faz minha cabeça inchada de noise.
Nada de augúrios telúricos
Ou bucólicos enviromentals


É tudo plástico,
É tudo pose.


Ao câmbio de sentimentos
Por investimentos
Descabaça-se e
Descamba-se.


A bestética bestial
Q assola as metrópoles
É politicamente correta
E democraticamente acorrenta
A estupidez da maioria
À insensatez das minorias.


São essas coisas frias
Q produzem a antialegria
Com high-tec tecnologia:


O som das águas
vem no CD
a luz do sol
brilha sobre o plasma screen


tudo
com virtual feeling
virtual food
virtual faith
virtual fuck


fazendo de nossa vida
uma virtual reality
com lances de Haiti.

Ai de ti,
Vida urbana

Eu digo de outras Copacabanas
Pois mesmo cinco copas
Não escondem
Tantas cabanas...


Alex Sakai – Tokyo -1993

quinta-feira, 10 de abril de 2008

hoje é dia 10

vejam so
depois de juntar uma grana pra ir ao congresso internacional de acupuntura em Natal,
comprar o bilhete de avião,
reservar hotel e pagar um sinal
pagar o congresso,
recebi o comunicado de que foi cancelado,
nem sei se vou reaver meus 2.500 de investimento de volta,
acordei com uma crise de dor ciática,
ao sair de casa para resolver as coisas da vida
fui parado em uma blitz,
tive meu carro apreendido e levei duas multas.
se vcs acham q eu vou ser derrotado e ficar desanimado por isso.
jamais.
sei q são coisas da vida,
e posso ate ser derrotado ocasionalmente,
mas desanimado nunca!!!!
já estou na luta.
vou rever meu veículo, legalizá-lo
vendê=lo
e seguir minha vida vitorioso.
nada como uma sacudidinha da vida
pra nos fazer mais ativos e vencedores.
até amnhã com boas notícias

hoje é dia 10

terça-feira, 8 de abril de 2008

estou com vontade de ver o q há de novo

hoje é aniversário do meu mestra

ele sempre diz:
Viver é bom
mas saber viver é melhor ainda.
quem sabe viver
sabe o q come,
sabe o q bebe
sabe o q pensa
sabe o q fala
sabe o q faz.
por isso vive melhor
com tranquilidade e consciência

fiquem com esse hoje e examinem
viver é bom
mas saber viver
é melhor ainda.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

encontrei este poema depois de anos.
é meio estranho
mas tem uma homenagem ao grande Manuel Bandeira.
sou fã de carteirinha dele.

viva o mamné Bandeira

Cinza das horas

Dedicado à
Manuel Bandeira




Há dias
Em Q tenho vontade de morrer
Como a brisa morre
morna
Atrás dos morros.

Há dias em Q quero
Deitar-me ao largo
Deixar-me
Esquecer-me
Largar-me quieto
Ao banquete de ver-me
Livre de corpo.

Depois
Caminhar tranqüilo sobre as águas

E ir habitar
A terra dos poetas mortos
Onde tudo é vida

E não há sequer um só

Pedido aflito

De socorro...

Alex Sakai -Juquiá-13/4/1991

quarta-feira, 2 de abril de 2008

egoísmo X altruísmo

o altruísmo
é um egoísmo de grande amplitude.


é preciso examinar bem direitinho....

terça-feira, 1 de abril de 2008

lua no lago

Kakemonos são aqueles papéis pintados, geralmente com mum poema ou um desenho, ou mesmo uma arte caligráfica, que cobrem as paredes dos lares japoneses.
este haikai foi composto qdo vi o brilho da lua refetida na lagoa q ficava ao fundo da casa em q morava na infância.