quarta-feira, 1 de outubro de 2008

DIÁLOGO POÉTICO





Lendo Mirante 61, a revista resistência da poesia, a práxis poética, resolvi, ao modo do grande poeta Octávio Paz fazer um diálogo poético com os poetas Cláudia Brino, Antonio Canuto, Sidney Sanctus e Valdir Alvarenga , Q há anos se destacam na poesia de Santos. Apresento aqui minha voz e de meus pares, nesse ofício de macerar significados, argüir sentidos latos, eletrizar palavras, letras e fonemas. Na verdade um diálogo poético é a forma mais amiga de falar direto ao coração do outro. Para Q fosse mesmo um diálogo publiquei à esquerda, em tipo arial preto, o poema original dos poetas supracitados e em letras cursivas vermelhas o diálogo fraterno. Espero humildemente Q gostem das palavras deste velho bardo.

Axé!

DIÁLOGO POÉTICO

Para Cláudia Brino

A superfície do tempo nas entranhas do tempo

É o incógnito relógio não se cogita relógio

Metáforas de mil carícias realidade de uma carícia

Distração na verdade noturna. diurna verdade noturna.

Já estamos libertos sempre somos libertos

E definitivamente urgentes e naturalmente eternos

Porém então

Abra os olhos e perceba: feche os olhos e medite:

Nada é azul... é tudo blue...

Pois se a neblina é água pois se o azul neblina e água

Que finge tinge

Imagine o resto. Todo é esfinge resto.


CANÇÃO DO TEMPO/CANÇÃO DO TEMPO

Para Antonio Canuto


Dos ossos do peito dos suspiros do peito

Construí um porto ergui um píer

De onde os navios onde os navios

Que me partem Q aportam

Pelos dedos chegam cedo

Viajam no tempo viajantes do vento

Quem vive nestas praias quem mora nestas praias

Homens velhos homens jovens

Velhos pescadores jovens surfistas

De sonho de sonho

Sabem que o vento sabem Q o tempo

Muda o tempo comanda o vento

Crispa marés levanta marés

Levanta a areia crava as areias

Que cega de marcas

Marca a pele crispa a pele

E faz eco e silencia

Nas pedras do cais as pedras do cais

Sabem que é o vento sabem Q é o tempo

Que apaga o tempo Q sopra o vento

São homens velhos são homens jovens

Velhos homens homens e mulheres

Que amam o vento Q navegam o tempo


O FAUNO/ A NINFA

Para Sidney Sanctus

Agora sim, esparzirei mais astros depois não mais semearei astros

Agora sei que vou beber da tua essência depois de beber da tua ausência

Abro as portas do meu dia, com nuas auroras fecho as portas de minhas noites, visto auroras

Que morrem em crepúsculos de músicas e perfumes Q nascem nas manhãs de silêncios inodoros

Para nascer à noite e nos esconder para o amor para morrer no dia e nos expor ao amor.

Da tua fecundante imagem farei um Universo, de minha miragem estéril desintegrarei um átomo

Forjarei uma natureza só pra nós dois desvanecerei a ilusão em solilóquio

Onde cantem estrelas e brilhem os mares onde silenciem vácuos e escureçam rios

Germinarei um céu verde, sem nuvens, colherei a terra vermelha, enevoada

E o sol que nele fulgir será moreno, e a lua Q nela refulgir será dourada,

Tendo como tez o teu rosto de luar inebriante... tendo como ossos teu corpo de sol escaldante!!!

Que este sol aqueça nossas praias Q essa lua congele nossas florestas

E o amor que vem do meu coração, e a dor Q sai do teu coração.

Fluídico fauno a deflorar suas sensíveis sereias...! pétrea ninfa a congelar insensíveis tritões.


DIÁLOGO

Para Valdir Alvarenga

Meu amor é vingança o amor é esperança

É dança que envolve não se cansa de volver

Revólver que não atira revolve o Q não se tira

Mentira que brilha verdade Q atira

É brilho sem luz o brilho da luz

A vingança é meu amor é esperança meu amor

Avança como a onda dança como onda

Última do mar primeva do mar

Meu amor é vingança o amor é esperança

Um amor sem amar. um amor pra se dar.

Alex Sakai

Porto Velho 28/09/2008