Lendo Mirante
Axé!
DIÁLOGO POÉTICO
Para Cláudia Brino
A superfície do tempo nas entranhas do tempo
É o incógnito relógio não se cogita relógio
Metáforas de mil carícias realidade de uma carícia
Distração na verdade noturna. diurna verdade noturna.
Já estamos libertos sempre somos libertos
E definitivamente urgentes e naturalmente eternos
Porém então
Abra os olhos e perceba: feche os olhos e medite:
Nada é azul... é tudo blue...
Pois se a neblina é água pois se o azul neblina e água
Que finge tinge
Imagine o resto. Todo é esfinge resto.
CANÇÃO DO TEMPO/CANÇÃO DO TEMPO
Para Antonio Canuto
Dos ossos do peito dos suspiros do peito
Construí um porto ergui um píer
De onde os navios onde os navios
Que me partem Q aportam
Pelos dedos chegam cedo
Viajam no tempo viajantes do vento
Quem vive nestas praias quem mora nestas praias
Homens velhos homens jovens
Velhos pescadores jovens surfistas
De sonho de sonho
Sabem que o vento sabem Q o tempo
Muda o tempo comanda o vento
Crispa marés levanta marés
Levanta a areia crava as areias
Que cega de marcas
Marca a pele crispa a pele
E faz eco e silencia
Nas pedras do cais as pedras do cais
Sabem que é o vento sabem Q é o tempo
Que apaga o tempo Q sopra o vento
São homens velhos são homens jovens
Velhos homens homens e mulheres
Que amam o vento Q navegam o tempo
O FAUNO/ A NINFA
Para Sidney Sanctus
Agora sim, esparzirei mais astros depois não mais semearei astros
Agora sei que vou beber da tua essência depois de beber da tua ausência
Abro as portas do meu dia, com nuas auroras fecho as portas de minhas noites, visto auroras
Que morrem em crepúsculos de músicas e perfumes Q nascem nas manhãs de silêncios inodoros
Para nascer à noite e nos esconder para o amor para morrer no dia e nos expor ao amor.
Da tua fecundante imagem farei um Universo, de minha miragem estéril desintegrarei um átomo
Forjarei uma natureza só pra nós dois desvanecerei a ilusão em solilóquio
Onde cantem estrelas e brilhem os mares onde silenciem vácuos e escureçam rios
Germinarei um céu verde, sem nuvens, colherei a terra vermelha, enevoada
E o sol que nele fulgir será moreno, e a lua Q nela refulgir será dourada,
Tendo como tez o teu rosto de luar inebriante... tendo como ossos teu corpo de sol escaldante!!!
Que este sol aqueça nossas praias Q essa lua congele nossas florestas
E o amor que vem do meu coração, e a dor Q sai do teu coração.
Fluídico fauno a deflorar suas sensíveis sereias...! pétrea ninfa a congelar insensíveis tritões.
DIÁLOGO
Para Valdir Alvarenga
Meu amor é vingança o amor é esperança
É dança que envolve não se cansa de volver
Revólver que não atira revolve o Q não se tira
Mentira que brilha verdade Q atira
É brilho sem luz o brilho da luz
A vingança é meu amor é esperança meu amor
Avança como a onda dança como onda
Última do mar primeva do mar
Meu amor é vingança o amor é esperança
Um amor sem amar. um amor pra se dar.
Alex Sakai
Porto Velho 28/09/2008