quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Nos Ritmos do DJ ALMA


Nos Ritmos do DJ ALMA
Para a sonoridade
da alma brasileira






Tomjobinar  joãogilbertei
Hermeteando Smetacs
                De  GilBenzen

Olodúnicas  baticumbandas
Djavançando
          A bumbadança

Para se escalar Gismontis
Primeiro tem Q se Cae-
                Tano

pixinguinhando  tudo
Nara-se em Galbethania
Q na Miltonteia se exclama:

Araci acuda
                               Q Ari Caimi!

Alex Sakai
Sanvi  1995
MALBA TAHAN O GRANDE CALCULISTA CARIOCA


“Em nome de Allah, Clemente e Misericordioso!
Louvado seja o Onipotente, Criador de todos Os mundos!
A misericórdia é em Deus o atributo supremo!
Nós Te adoramos, Senhor, e imploramos a Tua divina assistência!
Conduze-nos pelo caminho certo! Pelo caminho daqueles que são
esclarecidos e abençoados por Ti!”
Versos de abertura do Alcorão.

Malba Tahan sempre exerceu sobre mim um fascínio. Primeiro pela simplicidade e elegância de seu estilo, segundo pela profundidade e transversalidade de suas letras. Terceiro e, creio eu o mais importante, pelo conteúdo edificante e formador que traz sua pedagogia e seus humildes ensinamentos, que só os verdadeiramente grandes, conseguem inserir nas almas sedentas de aprendizado, (Allah o tenha em sua infinita misericórdia!).


Lembro-me bem de meus pequenos olhos infantis desvendando os mistérios do oriente com seus vizires, odaliscas, cheiques, califas, ulemás e calculistas. Que de presto busquei introduzir no seio de minha família, sendo “O Homem que calculava” livro importante na literatura caseira. Anos depois, tive convicção da utilidade de seus escritos, que teve o poder de resolver um grave problema de aprendizado de matemática que se abatera sobre meu lar, onde minha filha tinha dificuldade de aprendizado da ciência mais filosófica e abstrata de todas. Então constatei, na prática, o poder de transformação de sua obra, ensinando a ver a matemática, os cálculos, as fórmulas sob um prisma, mais abrangente e refinado, que acabava por derrubar todas as barreiras e desenvolver o gosto pelo aprendizado da ciência e orientava a mente num caminho de evolução balizado pelo rigor e pela abstração caminhando de mãos dadas, num equilíbrio áureo, (Só Allah é mais sábio).
Tais fatos me fizeram pensar: Por que Malba Tahan não era ensinado nos cursos regulares de literatura? Por que o ostracismo de um escritor com obra de tamanha envergadura e proficuidade, onde podemos ver escritos sobre a história da matemática, filosofia, compilação de lendas, etimologia, ética, tradição, esoterismo, espiritualidade, respeito à diversidade cultural, história da cultura oriental, jogos mentais, numerologia, simbólica entre outros não menos importantes; tudo sob uma prosa simples, mas não simplória, elegante, mas não pedante, educativa, mas não maçante e que tem o poder de orientar mentes e personalidades em formação com o poder dos arquétipos em seus aspectos positivos e edificantes.
Por que um autor de 115 obras, de alto valor literário, sensibilidade e sabedoria, caiu no esquecimento da mídia e da crítica, mas sobrevive vivo na memória do povo? Sendo citado de geração em geração e resistindo incólume ao julgamento do tempo, trazendo em seu bojo a contemporaneidade em seu aspecto transversal de conteúdos e de formas?
São questões que vêm tomando corpo e acabam por se tornar urgentes na investigação que ora lhes apresento e espero, com isso, contribuir para a elucidação desse mistério e quiçá, com a reparação de um erro e de uma injustiça sem par em nossas letras. Um escritor universal em língua portuguesa não é coisa que se encontre aos montes. Um escritor transversal e multicultural no século vinte, tampouco. Especialmente se tomarmos o ponto de vista da literatura brasileira, marginalizada há muito tempo por sua particularização e isolamento provocado pela própria língua, de acordo com alguns.
Qual seria, pois, a função da literatura? Educar? Entreter? Incentivar a ampliação dos valores culturais, morais e éticos? Colaborar com a formação edificante da juventude? Romper preconceitos criados por ignorância e choques culturais? Aprofundar questões existenciais? Preservar valores e tradições?
Então, por que uma obra que traz todos esses requisitos é varrida para baixo do tapete editorial, e não se fala mais nisso?
Resolvi então, instigar os espíritos norteados pelo juízo a buscarem a justiça nesse caso que não deve ser oculto pelas areias da ingratidão nem pela neblina do passado, (Que Allah, clemente e misericordioso, ilumine meus passos nessa árdua jornada).



Ilusão de ótica: a figura acima apresenta círculos concêntricos
embora pareça uma espiral.

BIOGRAFIA DE JÚLIO CÉSAR DE MELLO E SOUZA




Filho de professores, em uma família de nove filhos, Júlio César nasceu
no Rio de Janeiro, no dia 06 de maio de 1895. Teve uma infância tranqüila em Queluz, mais tarde descritas pelo irmão escritor João Batista, no livro Os meninos de Queluz.
Júlio César ingressou no Colégio Militar do Rio de Janeiro em 1906, onde permaneceu até 1909 quando se transferiu para o Colégio Pedro II.
Para aumentar sua renda, uma vez que a mesada paterna era parca, Júlio vendia redações, como ele mesmo dizia em suas memórias, aos “marginais da cola, vadios da pior marca”, sua primeira venda foi de uma redação sob o tema “Esperança”, proposto por seu professor, a partir de então passou a escrever sob encomenda e vender esperanças, ódios, saudades...
Anos depois, o professor Silva Ramos, seu ex-professor e sua vítima que o apresentou a Raul Pederneiras, como mercador de redações. Pederneiras o repreendeu:
- Você vendia redações de ódios e de esperanças! Despreze o ódio. Continue, sempre que for possível a vender a esperança pela vida. Adote uma profissão poética: Mercador de Esperança, que na venda da esperança ganha o Comprador e muito mais o Vendedor.
Assim, tomando a repreensão como lema Júlio César seguiu sua vida sendo um mercador de esperanças, vendendo sonhos e formando seres com as fabulosas fábulas orientais que jorravam de sua pena carioca como um oásis, nas áridas plagas da literatura.
Mesmo não sendo um excelente aluno, Júlio sempre foi vocacionado ao magistério e depois de formado em engenharia civil e na escola normal, iniciou sua carreira de professor no colégio D. Pedro II, de onde seguiu por inúmeras instituições como um desbravador da pedagogia nacional, trazendo sempre inovações e criatividade na arte de ensinar, além de um profundo amor pelos alunos. Em seu depoimento no Museu da Imagem e do Som, Júlio César admitiu não dar zeros: Por que dar zeros, se há tantos números? Dar zero é uma tolice.
Para o professor Lauro de Oliveira Lima, “Malba Tahan era o “showman” da pedagogia. Popularizou a matemática em livros deliciosos, usados ainda hoje. Suas aulas de didática eram um verdadeiro espetáculo. Creio que ficará pouco de sua didática, pois sua didática era ele próprio. Acho que seu nome ficará como o contador de lindas histórias e como lembrança de um homem cheio de generosidade”.

NASCE MALBA TAHAN

Entre 1918 e 1925, Júlio César estudou árabe, leu o Talmude e o Corão, estudou História e Geografia do Oriente e, combinado com Irineu Marinho, do jornal A NOITE, criou o personagem Malba Tahan. O jornal começou a publicação dos CONTOS DE MALBA TAHAN com a biografia do suposto autor.
O nome Tahan foi tirado do sobrenome de uma de suas alunas (Maria Zachsuk Tahan) e significa moleiro. O nome Malba significaria oásis. A mudança de nome tornou-o tão famoso que o presidente Getúlio Vargas autorizou-o a usar o nome Malba Tahan na sua cédula de identidade.
Júlio César só saiu do Brasil para visitar Lisboa, Montevidéu e Buenos Aires: jamais esteve no Oriente, jamais viu um deserto! O que torna sua obra ainda mais valiosa do ponto de vista da criatividade, pois ele descreve com precisão as cidades, os costumes, as feições, a religiosidade, e até os ruídos das ruas de Bagdá ou Meca podem ser ouvidos por entre os ventos que varrem as areias dos desertos de Malba Tahan na Obra de Júlio César. Um caso único em nossa literatura. Mais que isso, os escritos de Malba Tahan, encerram além das fabulosas imagens das mil e uma noites, preceitos de envergadura moral universais, filosofia profunda, cálculos abismais, que têm o poder de transmitir mais do que o amor pela matemática, o amor pelo conhecimento e onde o ponto exato de conexão entre as letras e os números, transformam-se em sabedoria, tudo dentro da mais sublime simplicidade que abarca desde os corações pueris dos infantes até os corações experimentados na têmpera da vida, dos anciãos.

Ali Yezzid Izz-Eddin Ibn-Salin Hank Malba Tahan, famoso escritor árabe, descendente de tradicional família muçulmana, nasceu no dia 6 de maio de 1885, na aldeia de Muzalit, nas proximidades da antiga cidade de Meca. Fez os seus primeiros estudos no Cairo, e, mais tarde, transportou-se para Constantinopla, onde concluiu oficialmente o seu curso de ciências sociais. Datam dessa época os seus primeiros trabalhos literários, que foram publicados, em idioma turco, em diversos jornais e revistas.
A convite de seu amigo, o Emir Abd el-Azziz ben Ibrahim, exerceu Malba Tahan, durante vários anos, o cargo de queimaçã1 na cidade de El-Medina, tendo desempenhado as suas funções administrativas com rara inteligência e habilidade. Conseguiu, mais de uma vez evitar graves incidentes entre peregrinos e as autoridades locais; e procurou sempre dispensar valiosa e desinteressada proteção aos estrangeiros ilustres que visitavam os lugares sagrados do Islã.
Pela morte de seu pai, em 1912, recebeu Malta Tahan2 valiosa herança; abandonou, então, o cargo que exercia em El-Medina e iniciou uma longa viagem através de várias partes do mundo. Atravessou a China, visitou o Japão, percorreu a Rússia e grande parte da Índia, observando os costumes e estudando as tradições dos diferentes povos. Entre as suas obras mais notáveis, citam-se as seguintes: Roba-el-Khali, Al-Samir, Sama Ullah, Maktub. Lendas do Deserto, Mártires da Armênia e muitas outras.
Através do pseudônimo de Malba Tahan, Júlio César escreveu 56 obras, sendo a mais famosa “O Homem que calculava”, onde o grande calculista persa desvenda os mistérios dos números, resolvendo intrincados problemas e levando a virtude e a sabedoria por onde passa, sempre envolto em uma aura de sublime humildade e reverência à sabedoria. Em suas páginas de ouro, mais do que simples problemas matemáticos podemos encontrar lendas dos mais afamados vultos que a humanidade produziu como Platão, Sócrates, Pitágoras, Arquimedes, e os grandes matemáticos e sábios árabes e hindus desconhecidos então em terras tupiniquins. “O homem que calculava” foi traduzido para o alemão, o inglês, nos Estados Unidos e na Inglaterra, o Italiano, o espanhol e o catalão. O Homem que Calculava é indicado como livro paradidático em vários países, citado na Revista Book Report e em várias publicações do gênero e vendeu mais de dois milhões de exemplares além de ter sido premiada pela academia brasileira de letras.
Malba Tahan ocupou a cadeira número 8 da Academia Pernambucana de Letras, e é nome de escola no Rio de Janeiro. A homenagem mais importante foi prestada pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro instituindo o dia do matemático na data de seu nascimento, dia 06 de maio.
Por todas as suas virtudes merecia o grande calculista escritor mais atenção quando de seu centenáario em 1995, onde apenas a revista super interessante e a revista nova escola se lembraram de homenageá-lo. Não que ele fosse afeito a esses confetes, uma vez que ao morrer deixou explícito que deveria ser enterrado em caixão de terceira classe sem coroas ou flores, mesmo na derradeira hora, seu espírito humilde de dar valor ao que realmente tem valor se manifestaria.
Para encerrar este breve escrito, homenageio o grande Ulemá3 Malba Tahan com a apresentação de um de seus problemas matemáticos como forma de reconhecimento por sua sabedoria. Aos que quiserem conhecer mais sobre esse grande escritor iniciem pelo homem que calculava e tenho certeza que uma chama imortal de sabedoria há de tomar-lhes o espírito de assalto como a manifestação de poder de um grande djin.4

Quantos cubos aparecem no desenho 6 ou 7? Uallah!

PROBLEMA DOS 35 CAMELOS




Dois homens viajavam pelo deserto, em um camelo, quando encontraram três irmãos brigando por uma herança de 35 camelos. O mais velho precisava receber a metade da herança, isto é, 17,5 camelos. O segundo deveria receber um terço, ou seja, 11 camelos e dois terços. O terceiro, por fim, deveria ficar com um nono de tudo, ou seja, 3 camelos e oito nonos. Como seria feito, sendo que nenhum queria ficar com o prejuízo?
Chegou-se à seguinte conclusão: Foi posto o camelo dos dois homens junto aos outros, e então ficaram com 36 camelos no total e não mais 35. A divisão feita foi a seguinte: o mais velho recebeu 18 camelos (metade de 36), o do meio, 12 (um terço), e o mais moço ficou com 4 (um nono do total). Todos eles saíram satisfeitos, pois ganharam mais do que o previsto. Mas... 18+12+4=34, e não 36, como havia antes. Com isso os dois homens ainda conseguiram mais um camelo para viajar cada um em um.
Para concluir uma dedicatória constante do livro “Minha Vida Querida”. Espero ter podido, com essas humildes palavras, fazer jus a grande obra do velho Mestre.
QUE ALLAH O TENHA EM SUA GLÓRIA GRANDE ULEMÁ MALBA TAHAN!

1- Prefeito.
2- Malba ou Malbe é o nome de uma pequena povoação que fica no sul da Arábia; Tahan significa “o moleiro”. A tradução do nome seria, portanto: “O moleiro de Malba”.
3- Grande sábio.
4- Gênio
5- Por Deus



Escuta, beduína, escuta!
Quando abandonaste a minha tenda
Tomei do cala e escrevi
O teu nome na capa do meu Alcorão!
E todos os dias, no silêncio da prece,
A saudade vem, como o tigre dos juncais,
Bramir no fundo de meu coração.
Es-san-aleija!
A minha promessa, ó beduína!,
Não foi escrita na areia incerta do deserto.
Por isso, é que verás o teu nome
repetido em todas as páginas deste livro.
Só Allah sabe a verdade! Uassalã!

Oásis de Halib, 1 da lua de Rabiah de 1904





Alex Sakai
Outubro 2009

terça-feira, 13 de novembro de 2012


NO ONE

                                                                                                                               Eu sou o pão da vida!
                                Jesus de Nazaré
Ao poeta Sidney Sanctus
                    


A tarde caiu
                            como um relâmpago roxo
Bem no meio da íris do moço.
Velhas centelhas,
                            Agitadas por ventos uivantes,
Desciam do céu de magma
Como lágrimas gris,
Riscando a retina do céu,
                            Da boca da noite
Ao cemitério de Paris.
Quantas putas há de parires
                             Pelas tardes vis?
Onde o fim do querubim maléfico
                              Das maledicências sutis?
Putifares venenos exalam esses dias
                              E seus ilusórios rubis.
Não há canto de sereias, nem ninfetas, nem nereidas,
Q asilem em seu canto inaudível
                              o agudo bramir
da convulsão das eras,
da revolução das feras,
da aberração Q geras.

Só a luz sublime e pura
A quintessência espiritual da cura
A comunhão na Paz futura
                            Pode nos redimir.


Alex Sakai
07/11/12