terça-feira, 7 de dezembro de 2021

O dragão da maldade contra o Santo Guerreiro

 


O dragão da maldade contra o Santo Guerreiro

 

Nesse vale de sombras

Se for para seguir alguém

Siga ninguém.

 

Nessa terra de trevas

Se for para fazer o bem

não olhe a quem.

 

Teu sorriso é o que eles temem

Ídolos de pés de barro

Pequenos ditadores

Retóricos aduladores.

 

Na hora do bom combate

A justa tem preferência

Pelo companheiro leal

Ombro a ombro no embate

Ante zumbis do irreal.

 

As garras da maldade

Nunca hão de tocar

O jovem guerreiro justo

E o velho bardo medieval

Com seus agudos lancinantes

Pondo sob as patas do rocinante

Os subjulgados do mal.

 

Porque além da injustiça

Aos pés da árvore Druida

Ecoa o regato da esperança

As araras aladas da floresta

São testemunhas da aliança

Que nos conduzem a vitória

Com os passos puros das crianças.

 

sábado, 4 de dezembro de 2021

os travares das ostras


os travares das ostras

são a nota mestra

com Q mostram

silentes sob os mastros

a solitária 

                madrepérola

de uma sinfonia

                        sem maestro



Alex Sakai

São Lourenço 

1985


Escrevi este poema na praia de São Lourenço em 1985.

Ao passear pela  praia, durante a tarde, ouvi o ruído das ostras grudadas no mastro de um velho barco naufragado. Saudando o pôr-do-sol.

O som era surdo. Consonantal trac trac trac. 

Procurei reproduzir sonoramente o som das sinfonias das ostras ao entardecer neste poema melopaico, como dizia Ezra Pound.

Creio Q o resultado foi satisfatório. Eu aprecio este poema, espero Q os leitores apreciem também.

Anos depois realizei, com meus parcos recursos e conhecimentos, este pequeno vídeo, cuja música, dodecafônica foi composta pelo Maestro Lincoln.

Infelizmente não possuo a gravação de seu piano dodecafônico com papel alumínio, para mostrar a vocês. Era muito lindo.

Demorei mais alguns anos para publicar. Sou rápido na produção, mas  muito lento com as publicações rsrsrsr.



sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

A Bailarina

 


A BAILARINA

 

 

 

A bailarina

Numa bolha de ilusão

Dança sem platéia

 

O descompasso da fuga

O descortinar da vida

O medo da estréia

 

São empecilhos maiores

Do Q o nó

Das sapatilhas

 

Q se desatam na vaia vazia

Da sala vazia

Quando não se dança a vera coreografia

 

Nos gestos desritimados

Na ânsia desesperada

No desacordo com o maestro

 

A bailarina

Hesitando o salto

Chora na coxia

 

E apesar do esforço da produção

A astúcia do empresário

A benevolência da crítica

 

Com mágoa dos espectadores

Com imposições à orquestra

Com restrições sutis

À ordem do programa

 

Resoluta

Em sua torre de marfim

 

A bailarina

Numa bolha de ilusão

Dança sem platéia.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A tradução da canção

 



Traduzir, como diriam os concretistas é trair o autor. Não sendo tão rigoroso, mas ao mesmo tempo buscando trazer para nossa compreensão, as formas e imagens de outro lado mundo, as palavras signo, os ritmos exóticos à nossa língua mãe. E, acima de tudo, a sensibilidade profunda e sutil, da raça nipônica.

Os poetas japoneses sempre demonstraram em seus haikus, wakas e tankas essa maneira sutil de demonstrar os sentimentos mais profundos e nobres que a alma do país do sol nascente nos legou.

A lenda da princesa Orihime com o pastor Hikoboshi remonta milênios, perdida entre a proto-história japonesa. È uma força que sustenta um dos pilares da cultura. Origem do Tanabata Matsuri (Festival de Tanabata), cuja história é conhecida por todas as crianças do Japão. E na sétima noite do sétimo mês é comemorado há séculos.

A história narra a aventura da princesa Orihime-Sama, a princesa tecelã. Filha do Rei do céu, que estava ainda terminando a construção do universo, então precisava da exímia habilidade da Princesa para tecer as neblinas do outono, a névoa da manhã, as dobras das galáxias, decorando o firmamento como cortinas diáfanas de luz penduradas entre os planetas.

O Pai, ao ver a filha exausta por tanto trabalho, resolveu dar um dia de folga para que ela pudesse folgar pelo amenogawa, o rio de estrelas, conhecido por nós pelo nome de via láctea.

Lá a princesinha tecelã conhece o pastor de gado Hikoboshi e logo se apaixona por ele. Os dois então se esquecem do tempo e se divertem juntos chapinhando o rio de estrelas.

O Rei do céu então furioso com a irresponsabilidade da filha vai buscá-la e ela retorna ao palácio. O Rei usando de seus poderes aumenta o rio de estrelas que de um pequeno riacho, se transforma em um rio caudaloso, impossível de ser transposto. Ficando a princesa e o pastor em lados opostos.

Mas a princesa de tão triste, não consegue mais tecer. E passa os dias chorando. Suas lágrimas transbordam e caem na terra como um dilúvio. O rei aflito com a situação da filha lhe diz:

_ Minha filha volte a tecer. Se você trabalhar bem, prometo que na sétima noite do sétimo mês, uma vez por ano eu deixo que você volte a se encontrar com o pastor de gado.

Ao ouvir as palavras do pai a princesa se alegrou e voltou a tecer como antes. E uma vez por ano, conforme o prometido mil pássaros formam uma ponte sobre o rio de estrelas, com suas asas, para que a princesa possa atravessar o rio de estrelas e se encontrar com seu pastor. A história deu origem ao festival de Tanabata que é comemorado pelos japoneses e seus descendentes na sétima noite do sétimo mês, pelo calendário lunar. Para nós ocidentais, devido a usarmos o calendário solar as datas são móveis. A história se reporta ainda ao simbolismo da estrela Veja e da estrela Altair que são de galáxias diferentes, mas que uma vez por ano se encontram próximas.

A história se tornou muito popular no país do sol nascente e há uma linda canção infantil que fala da princesa.

Como disse, a sensibilidade sutil dos nipônicos fazem da canção de roda, um lindo poema.

Eu procurei traduzi-lo para nossa língua, mas confesso que não é nada fácil. O original em japonês diz:

Sasa no ha sara-sara

Ohoshi-sama kira-kira

Kin gin sunago

Literalmente quer dizer:

Grandes folhas de bamboo murmuram

As folhas presas balançam,

Estrela deusa brilha

Ouro e prata em grãos de areia.

 

A imagem folhas presas não é boa para expressar o movimento e o ruído das folhas de bambu sopradas pelo vento, (Sara-sara).

Então usando de um pouco de licença poética e de recursos de sibilar os “esses” em assonâncias para expressar o ruído das folhas traduzi.

 

As folhas de bambu sussurram

E suspensas oscilam.

A princesa estrela suave cintila

Nos grãos de  areia de ouro e prata.

 

Alex Sakai- PVH abril 2013

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

VÁCUO QUÂNTICO

 


 

Não sou ovelha

Orelha velha que rapta o som original.

Too Emotional !

Já nadei contra a corrente.

Nadeguei entreventres.

Por hora quero o som do agora,

Na freqüência do infinito.

Impérios sempre falham.

No fio da navalha

A dor canalha já era.

Trago uma constelação de códigos

e no centro do migo o amigo é o que vibro.

Não sou ovelha.

Neste exato momento

O universo me oferece N possibilidades.

Ando mesmo sem espaço.

Meu tempo é já!

 

                                   Alex Sakai

                                                       PVH 300512

 

 

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

 


SINGULAR SEGUNDA PESSOA


A poeira do século

Q cheiraste

abrira-te a porta do tempo

Em Q de ti 

Brotaste

Teu

Bolor

De flor lamento.


Lento lento

pelo vento

Do rio de pensamentos

em Q te acorrentaste

sob o peso do cimento

Das lágrimas 

Q fingiste

sulcar tua face triste.


O trem da tarde

parte

E leva embora a dor

Q tu choraste.

A luz da lua

cintila mais Q o refletor

Q desligaste.

Luminosa 

A poeira de estrelas


Salpica suave


O Amor

Q tu vibraste.


Só o Amor

Sempre  Amor

Puro e belo

Amor.



Alex Sakai

PVH 19/11/2021


terça-feira, 16 de novembro de 2021